Domingo, 10 de junho de 2001, jogavam em Paris, disputando a final do torneio de Roland Garros, Gustavo Kuerten e Àlex Corretja. Atipicamente, pelo menos pelo que me lembro, a Globo transmitiu ao vivo essa partida. Essa é minha primeira lembrança de ver um jogo de tênis.
É difícil explicar, mas, com 6 anos, sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo no jogo, eu fiquei duas horas assistindo. Quando acabou, tinha certeza que ia praticar esse esporte um dia.
Isso só foi acontecer três anos depois desse domingo.
Lembro-me das primeiras aulas, como ficava feliz só por estar na quadra. Consegui até convencer meu pai a comprar uma Babolat de R$ 120,00 no Carrefour, apesar de ter que ouvir: “Olha lá, hem, Pedro, vê se faz valer a pena”.
Confesso que a empolgação das primeiras semanas deu, rapidamente, lugar a uma profunda frustração. O que eu era capaz de fazer não era nem perto o suficiente para que eu voltasse pra casa orgulhoso. Olhava pra quadra do lado e todos eram um abismo melhores do que eu. Talvez eu só não tenha desistido devido à frase do meu pai.
Diria que esta é a maior dificuldade do tênis: o começo é muito ingrato, fica-se muito tempo sendo muito ruim.
Para minha sorte, joguei tempo suficiente para ficar ruim, o que, sem brincadeira, me fez muito feliz! E joguei mais tempo ainda até ser razoável — isso sim foi sensacional!
Por ser um esporte individual, acho que o tênis acaba desenvolvendo muito a parte mental. Se você perde, não tem a quem culpar, ninguém te atrapalhou, você simplesmente foi pior que o seu adversário, e isso, para um adolescente, nem sempre é muito fácil de lidar. Acostuma-se em pouco tempo com a pressão constante de cada game de saque. Lembro de conversar tanto comigo mesmo durante os jogos que, em certos momentos, duvidei um pouco da minha sanidade.
Por tudo isso, acredito que o tênis tenha valores fundamentais para a formação moral de qualquer um. Vejo poucos esportes tão meritocráticos, isso faz com que o seu objetivo deixe de ser ganhar e passe a ser conseguir entrar na quadra e jogar o melhor tênis que você é capaz, sabendo que, se isso não for suficiente, você pode sair de cabeça erguida e orgulhoso.
Pessoalmente, diria que esse esporte me ajudou demais a amadurecer, me deu autoconhecimento e, acima de tudo, me ensinou a lidar com a frustração.