Entrevista com Caio Taddeo – O sucesso por trás dos grandes resultados

O Caio Taddeo é professor de tênis e fundou a escola que leva o seu nome em 2002. Desde então ele tem aprimorado os seus conhecimentos e habilidades para possibilitar o o seu crescimento. E, após 15 anos, a escola vive o seu auge, com bons resultados no Brasileirão Kids de Tênis. Nesta entrevista, conversamos com ele sobre a história da escola e sobre os aprendizados obtidos após esse torneio.

Olá Caio, obrigada por conceder essa entrevista para nós. Para começar, conte-nos um pouco sobre a história da academia e como surgiu.

Aqui eu não o uso o nome de academia. Na verdade eu usava o nome de equipe e agora, uso o nome de escola. Logo logo, a gente vai passar por uma transição do nosso nome. Vai deixar de se chamar Caio Taddeo e vai se chamar Escola Goiana de Formação de Tenistas. Ela nasceu em novembro de 2002, que foi quando eu realmente decidi iniciar a minha carreira como treinador e decidi que eu tinha que ter uma uma equipe de formação ou alguma coisa que pudesse pegar a criança e transformar ela num jogador competitivo. Naquela época, era tudo muito obscuro ainda, tudo empírico de acordo com o que eu tinha vivido. Eu era jovem e ia fazendo as coisas da minha cabeça mesmo. Conheci o Laurent Philipe em 2006 ou 2007, e as coisas ganharam um formato diferente a partir dali, ficou mais estruturado pedagogicamente. Já se passaram 15 anos e ainda estou aprendendo, estou no começo ainda.

Recentemente, vocês atingiram bons resultados no Brasileirão Kids de tênis. Como foi feita a preparação dos atletas e quais os aprendizados que tiveram ao longo desse torneio? Já participaram em outros anos?

Eu até fiz um levantamento disso com a equipe quando a encontrei na segunda parte do torneio. Esse torneio foi o meu 18º Brasileirão. Participei três vezes como jogador e quinze anos como treinador, então são quinze anos seguidos tendo atletas jogando o Brasileirão, e esse ano com certeza é o mais significativo de todos, porque conseguimos ter atletas em todas as categorias praticamente. Participamos da primeira etapa com o Kids (crianças), onde a gente teve o vice-campeão brasileiro de oito anos, que é o Henrique. A gente tentou não fazer nada muito específico ao longo do semestre, que as crianças não entendessem isso como um processo cheio de pressão. Mas chegamos no período das férias e a gente já tinha decidido fazer o Tênis nas Férias. Quando faltavam umas três semanas para acabar o mês de junho, a gente decidiu o formato que íamos fazer do TNF e a segunda etapa dele, que se iniciou no dia 10 de julho, foi uma etapa competitiva, preparando os meninos que iam jogar no Kids, então a gente sentiu que foi muito bacana. O nosso coordenador da Tênis+, o Luís Agarate, fez um trabalho muito bacana com as crianças e a gente teve o Henrique, vice do simples e vice da dupla também, junto com outro aluno nosso, o João Guilherme.

E os alunos? Você sente que a nossa metodologia os auxilia de alguma forma na questão de motivação para participar desses eventos?

Eu acredito que isso tem feito com que eles entendessem muito mais o processo do esporte, então a partir daí as nossas ações têm ficado muito mais coesas. O que antigamente era muito cheio de “achismo”, hoje fica muito mais sólido para que a gente trabalhe com as crianças. Então, sim, interfere na motivação porque eles enxergam o processo com uma segurança maior e estão mais preparados para enfrentar esse tipo de situação geral.

E por se tratarem de crianças, como elas lidam com as derrotas? Tem algum suporte nesses torneios? Isso afeta de alguma forma o desenvolvimento delas?

Não, não tem nenhum tipo de acompanhamento. Esse suporte é feito pelos pais, treinadores e professores, que quando mal feito, acarreta em problema no desenvolvimento das crianças sim, por vários motivos. O motivo um, na minha opinião, são os pais que se importam muito com os resultados, tanto positivos quanto negativos. Nesse momento, os pais atrapalham muito o processo, então quando os professores estão bem envolvidos com o processo e tem a capacidade de dar o suporte educativo, não só para as crianças como para os pais, o processo fica mais saudável e é muito possível ver o progresso das crianças e da família porque hoje a gente associa muito o progresso das famílias junto com o progresso das crianças.

 

“O que antigamente era muito cheio de “achismo”, hoje fica muito mais sólido para que a gente trabalhe com as crianças. “

 

Por fim, quais são as suas perspectivas para a escola daqui em diante?

Estamos em um momento em que a gente vai ter o nosso maior crescimento dos últimos quinze anos. A gente se preparou bem nesses últimos dois anos e eu acho que tanto dentro quanto fora da quadra, a gente está preparado para crescer em números, mas não só em números, crescer de uma forma sólida dentro disso que eu apontei, que é esse contato com os pais e conseguir dar um bom suporte para as crianças entenderem a linha de desenvolvimento deles ao longo dos próximos dez ou quinzes anos que eles podem viver dentro da quadra efetivamente, seja dentro de uma linha esportiva ou uma linha mais competitiva. A gente está bem envolvido com esse processo e acho que a equipe que está dentro da quadra está muito sólida e envolvida com o processo. E também, as pessoas envolvidas fora da quadra estão desempenhando muito bem as suas funções.

Obrigada, Caio. Essa foi a última pergunta. Você tem mais algum comentário para acrescentar?

Eu acho que é bacana que eu tenho conversado com algumas pessoas que estão no começo, que estão fechando as suas parcerias com a Tênis+ e permitindo esse processo. Seria bacana que as pessoas entendessem que quando você introduz um programa como esse, isso não é uma mudança somente no processo interno da escola, mas também uma mudança cultural no próprio professor de tênis. Então ele tem que estar muito aberto para viver essa transformação cultural do meio pedagógico, administrativo, a maneira como ele enxerga a escola dele, porque assim eu acho que as coisas ganham uma proporção mais verdadeira e no fundo eu acho que é o que todas as equipes no Brasil, que antes eram unicamente competitivas e agora estão se tornando equipes formativas, precisam ter essa leitura das coisas.

26 de julho de 2017 | Categoria: Novidades, Treinamento

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